domingo, 28 de fevereiro de 2010

'Devia ser sábado, passava da meia-noite.




Ele sorriu para mim. E perguntou:
- Você vai para a Liberdade?
- Não, eu vou para o Paraíso.
Ele sentou-se ao meu lado. E disse:
- Então eu irei com você.'

Caio F.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Tão correto e tão bonito



O infinito é realmente
Um dos deuses mais lindos(..)

Renato Russo - Quase sem querer.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

'Diploma de Dizimista'


Domingo, minha avó e eu estavamos conversando e surgiu um assunto do qual eu não gosto de conversar com ela - Religião.
Minha amada tem seu belos e vividos 86 anos.
Eu comentei que não ia a igreja a um bom tempo, e que não sentia falta e nem a minima vontade de ir na mesma. Ela me recriminou, disse que a Igreja é a casa de Deus e que temos o DEVER de ir a missa.
Como ela é uma pessoa de idade eu nem quis discutir muito mas tive que perguntar porque Deus estaria em quatro paredes? Deus é livre. Não precisamos ir a igreja para nos encontrarmos com Deus.Ele está presente em todas as coisas,lugares.
Mas como já era previsto, nem me deu ouvidos.
Não gosto de discutir sobre religiões. Fui batizada na Igreja Católica mas hoje me considero Espirita.
Já que estou falando sobre isso vou continuar.

Semana passada, achei um artigo sobre a Igreja Universal do Reino de Deus. Tão comentada ultimamente pelo seus escândalos com fieis.
A tal instituição abrirá concursos para pastores e o salário I-N-I-C-I-A-L é de R$ 8.234,82.
Um total absurdo. Pra quê um servo de Deus precisa ganhar tanto? E ainda mais, fazer concurso para isso.Eu me apavoro com o número de pessoas (cada vez maior) que vem se deixando influenciar por estas instituições.
Lembrei de um caso agora que ocorreu ano passado. A tal Igreja Universal foi condenada a devolver ao fiel Edson Luiz de Melo todos os dízimos e doações feitas por ele. De acordo com mãe, o filho, que é portador de enfermidade mental permanente, passou a frequentar a igreja em 1996 e desde então era induzido a participar de reuniões sempre precedidas e/ou sucedidas de contribuição financeira. No processo consta que "promessas extraordinárias" eram feitas na igreja, em troca de doações financeiras e dízimo. Teria sido vendida a Edson Luiz(um deficiente), por exemplo, a "chave do céu". A vítima também recebeu um "diploma de dizimista" assinado por Jesus Cristo(Quem sabe quantos outros não compraram o tal diploma). Agora em pleno século XXI vamos voltar ao Brasil colonial? Onde os padres da época vendiam aos caros fieis um lugarzinho no céu?haha* me poupe. Se isso não for charlatanismo, então alguém me diga o que é.

Ouse sonhar (..)



pois, os sonhadores vêem o amanhã.
Ouse fazer um desejo,
pois desejar abre caminhos para a esperança e
ela é o que nos mantém vivos.
Ouse buscar as coisas que ninguém mais pode ver.
Não tenha medo de ver o que os outros não podem.
Acredite em seu coração e em sua própria bondade,
pois, ao fazê-lo, outros acreditarão nisso também.
Acredite na magia, pois a vida é cheia dela,
mas, acima de tudo, acredite em si mesmo...
...porque dentro de você reside toda a magia...
da esperança, do amor e dos sonhos de amanhã"...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Inventamos um ao outro


Você não existe. Eu não existo. Mas estou tão poderoso na minha sede que inventei a você para matar a minha sede imensa. Você está tão forte na sua fragilidade que inventou a mim para matar a sua sede exata. Nós nos inventamos um ao outro porque éramos tudo o que precisávamos para continuar vivendo. E porque nos inventamos um ao outro, porque éramos tudo o que precisávamos, para continuar vivendo. E porque nos inventamos, eu te confiro poder sobre o meu destino e você me confere poder sobre o teu destino. Você me dá seu futuro, eu te ofereço meu passado. Então e assim, somos presente, passado e futuro. Tempo infinito num só, esse é o eterno
Caio F.

'Você respira fundo. Quase sorri, o ar tão leve: blue.'



O vento sopra sobre o lago e agita as águas. Barcos de papel navegam pelas sarjetas. Você está parado na janela, atrás da vidraça. Você olha para fora. Não há nada diferente ou incomum lá fora. São os mesmos edifícios, do outro lado e mais além da rua. As mesmas árvores, poucas. Algumas vidas existindo tão discretamente quanto a sua, por trás de outras vidraças nos edifícios do outro lado e além da rua. Assim olhando, de repente você se percebe tão quieto que tem vontade de fazer alguma coisa. Qualquer coisa dessas cotidianas, anônimas, acender um cigarro, ligar o rádio, quem sabe abrir a vidraça atrás da qual você está parado. Mas não faz nada. Você prefere não fazer nada. Permanece assim: parado, calado, quieto, sozinho. Na janela, olhando para fora.
Então, o céu escurece. Não há pausa nem gradação. Súbito, o céu escurece. Começa a acontecer um vento, e você pensa: “O vento sopra sobre a superfície de um lago”. Embora não exista lago algum, só cimento, paralelepípedos. Chinês você se concentra. Repete mais claramente agora. “O vento sopra sobre o lago e agita a superfície das águas.” Você suspira. Sem dor nem inquietação. O suspiro é um sopro de ar que sai do fundo de pulmões certamente escurecidos pelos muitos cigarros e a poluição urbana, como cavernas negras. Esse ar morno vindo do fundo das cavernas embaça a vidraça atrás da qual você está parado.
Com a ponta do dedo indicador, então, sobre a vidraça embaçada, você risca um traço, aparentemente à toa. Como na infância, nos dias de tempestade. Depois você desenha outro, e outro. Não são muitos traços, assim limpos, verticais, horizontais. Duas formas, lado alado, ideogramas — Chung Fu.Você contempla o que acabou de desenhar no baço. Outra vez chinês, repete: “O vento agita a água porque é capaz de penetrá-la”. E pouco importa que ninguém — de certa forma, nem mesmo você, que está inventando — entenda isso que se passa agora, amanhã ou ontem.
Então começa a chover. Gotas pesadas, esparsas. Depois elas se aglomeram, mais finas. E chove, de repente, atrás da vidraça onde você está. Parado, atento. As águas se avolumam no alto da ladeira, despencam pela rua abaixo, em frente à sua janela. Espessas, amareladas. Levam pela frente papéis amassados, poeira, pontas de cigarro, latas de coca-cola. Todos esses restos que se amontoam pelas ruas da cidade, as águas levam. Ninguém sabe para onde. Bueiros, esgotos. Quem sabe para o mar?
É quando você pensa no mar que tem, ao mesmo tempo, vontade de descer pelo elevador até a sarjeta para soltar um barquinho de papel nessas águas. Meio tolo, você se pergunta assim:
“Para onde vão os barquinhos de papel soltos na enxurrada?” Mais tolo ainda, mas justificável, porque meio criança dessa vez, você lembra do soldadinho de chumbo de Andersen, com sua espingarda em riste dentro de um barquinho de papel. Com sorte, você deseja, o barquinho chegará à outra esquina. Com mais sorte ainda, cairá em algum ralo, depois num esgoto, depois ainda, sempre inteiro, será levado até algum rio. Até o mar, quem sabe? Você imagina um barquinho de papel capaz de atravessar incólume todas as torrentes e perigos para chegar ao mar. Pouco provável. Eram tão frágeis aqueles barquinhos que as crianças antigamente soltavam nas águas sujas das sarjetas.
Frágil — você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal, de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse.Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos, começa a passar.
Outra vez chinês, você se afasta um pouco para ver melhor o ideograma. “Verdade interior” — você repete. E acrescenta:
“Tenho uma boa taça. Quero compartilhá-la com você”. Estende as mãos para a frente, como se fosse tocar o rosto de alguém. Mas você está sozinho, e isso não chega a doer, nem é triste. Então você abre a janela para o ar muito limpo, depois da chuva. Você respira fundo. Quase sorri, o ar tão leve: blue.
Caio F.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Começo :]

Ontem acabou o horário de verão. Pena, gostava tanto daquelas manhãs, tardes que pareciam mais alegres, iluminadas, floridas, rejuvenescedora.Hoje, domingo, acordei tão perdida, nem deu vontade de mudar o horário do relógio, que permanecesse assim. O dia amanheceu nublado, como para demostrar seu descontentamento com a mudança de horários. Ok, isso deve ser uma das coisas mais ridículas que alguém já deve ter ouvido(lido) em toda a sua vidinha. É, com certeza deve ser. Que assunto ótimo para se escrever ( na primeira postagem, inclusive)– Mudanças de horário. Quer algo mais interessante? Não né?. Brincadeiras a parte, Preciso começar o meu blog com alguma coisa não é. O começo, na minha opinião, é sempre o mais complicado, digo, não somente em postagens mas como em muitas outras coisas. Sei lá, queremos dizer tantas, tantas coisas mas que no fim não saem do pensamento mesmo, e optamos por falar de coisas sutis como o tempo, clima. Haha* quem nunca puxou assunto com alguém perguntando as horas, falando sobre o calor,o frio que está fazendo.Quando na verdade queríamos falar sobre outras coisas. Falar de nós, saber um pouco mais sobre da vida do outro. Se ele prefere chocolate branco ou preto, o que mais lhe assusta , a banda que mais curte, seu time de futebol, se já quebrou alguma parte do corpo,seu sonho impossível, de como se vê daqui a vinte anos, de como fica a sua voz logo que acorda,o que mais gosta nas pessoas e o que mais te desencanta nelas, ou até mesmo falar sobre o os mistérios da humanidade seja, quem desenhou aquelas linhas em Nazca? Como aquelas criaturas que mal recebiam duas vezes ao dia conseguiram construir as pirâmides do Egito? Sobre o misterioso Triângulo das Bermudas onde vários navios, aviões e tal desaparecem,será culpa de nossos amigos alienígenas ou seria que cidade perdida de Atlântida teria alguma coisa haver com isso? Quem nunca se perguntou porque o céu é azul e a água é transparente? Sim, eu gostaria de conversar sobre estas coisas. Acho que falei sobre os modos de como poder começa-lá, agora para as próximas fica mais fácil.
Bem, para terminar: Eu quero te ver com saúde e sempre de bom humor e de boa vontade". :)

Um Beijo :*

Estou, Estou


'Bom, feliz talvez ainda não. Mas tenho assim... aquela coisa... como era mesmo o nome? Aquela coisa antiga, que fazia a gente esperar que tudo desse certo, sabe qual?
— Esperança? Não me diga que você está com esperança!
— Estou, estou.'

Caio Fernando Abreu.

'O dia em que Júpiter encontrou Saturno'

Você gosta de estrelas?
-Gosto. Você também?
-Também. Você está olhando a lua?
-Quase cheia. Em Virgem.
-Amanhã faz conjunção com Júpiter.
-Com Saturno também.
-Isso é bom?
-Eu não sei. Deve ser.
-É sim. Bom encontrar você.
-Também acho....
-Você tem um cigarro?
-Estou tentando parar de fumar.
-Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
-Você tem uma coisa nas mãos agora.
-Eu?
-Eu.

Caio Fernando Abreu.