quinta-feira, 29 de abril de 2010

- Vou tomar chá de ayahuasca e ver você egípcia.


Parada ao meu lado,olhando de perfil.
- Vou tomar chá de datura e ver você tuaregue.Perdido no deserto,ofuscado pelo sol.
- Vamos nos ver?
- No teu chá.No meu chá.

Caio F.

terça-feira, 27 de abril de 2010

'Nunca tinha sido tão intenso


nem tão bonito. nunca tinha tido um jeito assim, tão forever.'

Caio F.

domingo, 25 de abril de 2010

'E vou dizendo lento,



como quem tem medo de quebrar a rija perfeição das coisas, e vou dizendo leve, então, no teu ouvido duro, na tua alma fria, e vou dizendo leve, e vou dizendo longo sem pausa - gosto muito de você de você muito de você.'

Caio F.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

'Achei um pouquinho mágico,


mágico suave, você sabe - nós ali, lado a lado, falando praticamente das mesmas coisas.'

Caio F.

'Às vezes a gente vai se fechando,


e tudo começa a parecer muito mais difícil do que realmente é. Eu acho que a gente não deve perder a curiosidade pelas coisas: há muitos lugares para serem vistos, muitas pessoas para serem conhecidas.'

Caio F.

'Tateio, tateias, tateia.


Ou tateamos eu e tu, enquanto ele se movimenta sem dificuldade entre as coisas? Sei pouco de ti, apenas suspeito da tua existência desde quando descobri que nem eu nem ele éramos os donos de certas palavras. Como se tivesse percebido um espaço em branco entre ele e eu e assim - por exclusão, por intuição, por invenção - te adivinhasse dono desse espaço entre a luz dele e o escuro de mim. Tateias também? De ti, quase não sei. Mas equilibras o que entre ele e eu é pura sombra.'

Caio F.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

'Sabe,


eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende?'

Caio F.

'Que é isso?


Xô, não, vamos lá, eia, avante, companheira, hei-de-vencer, Deus-provê e eu-mereço-mais, devem ser nossos lemas na Nova República. Fique bem, please. Paciência — é preciso ter infinita paciência. Olhar meigo para tudo e todos. Humildade, decência, recato e pudor.'

Caio F.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

(..)



'Algumas vezes eu fiz muito mal para pessoas que me amaram.Não é paranóia não. É verdade. Sou tão talvez neuroticamente individualista que, quando acontece de alguém parecer aos meus olhos uma ameaça a essa individualidade, fico imediatamente cheio de espinhos - e corto relacionamentos com a maior frieza, às vezes firo, sou agressivo e tal. É preciso acabar com esse medo de ser tocado lá no fundo. Ou é preciso que alguém me toque profundamente para acabar com isso.'

Caio F.

'No fim desses dias


encontrar você que me sorri, que me abre os braços, que me abençoa e passa a mão na minha cara marcada, na minha cabeça confusa, que me olha no olho e me permite mergulhar no fundo quente da curva do teu ombro. mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços e você me beija e você me aperta e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem.'

Caio F.

sábado, 17 de abril de 2010

'Uma vez eu disse que a nossa diferença era fundamental


e que você era capaz apenas de viver as superfícies, enquanto eu era capaz de ir ao mais fundo, você riu porque eu dizia que não era cantando desvairadamente até ficar rouca que você ia conseguir saber alguma coisa a respeito de si própria, mas sabe, você tinha razão em rir daquele jeito porque eu também não tinha me dado conta de que enquanto ia dizendo aquelas coisas eu também cantava desvairadamente até ficar rouco, o que eu quero dizer é que nós dois cantamos desvairadamente até agora sem nos darmos contas, é por isso que estou tão rouco assim, não, não é dessa coisa de garganta que falo, é de uma outra de dentro, entende? Por favor, não ria dessa maneira nem fique consultando o relógio o tempo todo, não é preciso, deixa eu te dizer antes que o ônibus parta que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente, você não cresceria se eu a mantivesse presa num pequeno vaso, eu compreendi a tempo que você precisava de muito espaço.'

Caio F.

'Não vou perguntar porque você voltou,acho que nem mesmo você sabe.


Eu também não queria perguntar,pensei que só no silêncio fosse possível construir uma compreensão,mas não é,sei que não é,você também sabe,pelo menos por enquanto,talvez não se tenha ainda atingido o ponto em que um silêncio basta?É preciso encher o vazio de palavras,ainda que seja tudo incompreensão?Só vou perguntar porque você se foi, se sabia que haveria uma distância, e que na distância a gente perde ou esquece tudo aquilo que construiu junto.E esquece sabendo que está esquecendo.'

Caio F.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

'Olha, fique em silêncio.




Eu gosto do teu silêncio. Mas também gosto de tuas palavras - acredite. Mas não vim aqui para te falar de ruídos - ou não - , estou aqui para te falar de céu, mar, estrelas e tapioca - como naquele dia, lembra? - Ontem por incrível que pareça todos os lugares que pisei eu te procurei. Teus rastros ficaram por lá. O balançar de teus cabelos e esse teu jeito meio atacado de ser. Fiquei feliz em poder sentir tua falta, - a falta mostra o quão necessitamos de algo/alguém. É assim o nosso ciclo. Eu te preciso. Perto, longe, tanto faz. Preciso saber que tu está bem, se respira, se comeu ou tomou banho - com o calor que está fazendo neste verão, tome pelo menos uns três ao dia, e pense em mim, estou com calor também. Me faz bem pensar nessas atividades corriqueiras, que supostamente você está fazendo. Ah, e eu estou te esperando, com meu vestido longo, óculos escuros grandes e meu coração pulsando forte, e te abraçar até sentir o mundo girar apenas para nós. É, eu gosto muito de ti.'

Caio F.

'Então, de repente



sem pretender, respirou fundo e pensou que era bom viver. Mesmo que as partidas doessem, e que a cada dia fosse necessário adotar uma nova maneira de agir e de pensar, descobrindo-a inútil no dia seguinte - mesmo assim era bom viver. Não era fácil, nem agradável. Mas ainda assim era bom. Tinha quase certeza.'

Caio F.

'Somos muito parecidas


de jeitos inteiramente diferentes: somos espantosamente parecidas. E eu acho que é por isso que te escrevo, (...) Fique feliz, fique bem feliz, fique bem claro, queira ser feliz.'

Caio F.

'No fim desses dias


encontrar você que me sorri, que me abre os braços, que me abençoa e passa a mão na minha cara marcada, na minha cabeça confusa, que me olha no olho e me permite mergulhar no fundo quente da curva do teu ombro. mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços e você me beija e você me aperta e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem.'

Caio F.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

-Escuta, ele disse,


bem perto do meu ouvido, a boca vermelha no rosto pálido quase encostada na minha pele. Tive uma vontade quase incontrolável de beijá-lo outra vez. Era meio compulsivo, aquilo. Ou magnético, sei lá. Fluidos, odores quase imperceptíveis, vibrações. Que coisa era aquela que, independente da razão, atraía ou repelia as pessoas? -A gente precisa conversar. Eu fiquei pensando naquilo que aconteceu.'

Caio F.

'mas eles não me deixam, você não me deixa'



'Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa.'

Caio F.

“Claro, o dia de amanhã cuidará do dia de amanhã e tudo chegará no tempo exato.




Mas e o dia de hoje?Não quero saber de medo, paciência, tempo que vai chegar.Não negue, apareça. Seja forte.Porque é preciso coragem para se arriscar num futuro incerto.Não posso esperar. Tenho tudo pronto dentro de mim e uma alma que só sabe viver presentes.Sem esperas, sem amarras, sem receios,sem cobertas, sem sentido, sem passados.É preciso que você venha nesse exato momento.Abandone os antes.Chame do que quiser. Mas venha.Quero dividir meus erros, loucuras, beijos, chocolates...Apague minhas interrogações.Por que estamos tão perto e tão longe?Quero acabar com as leis da física,dois corpos ocuparem o mesmo lugar! Não nego. Tenho um grande medo de ser sozinha.Não sou pedaço. Mas não me basto.'

Caio F.

Eu preciso muito muito de você


eu quero muito muito você aqui de vez em quando nem que seja muito de vez em quando você nem precisa trazer maçãs nem perguntar se estou melhor você não precisa trazer nada só você mesmo você nem precisa dizer alguma coisa no telefone basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro.Mas eu preciso muito muito de você.

Caio F.

Me queira bem.



Estou te querendo muito bem neste minuto. Tinha vontade que você estivesse aqui e eu pudesse te mostrar muitas coisas, grandes, pequenas, e sem nenhuma importância, algumas. Fique feliz, fique bem feliz, fique bem claro, queira ser feliz. Você é muito linda e eu tento te enviar a minha melhor vibração de axé. Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim.
Com cuidado, com carinho grande, te abraço forte e te beijo,

Caio F.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

'Por onde anda você, tão distanciada, tão silenciosa?



Em que nova galáxia posso te encontrar outra vez (...) Vezenquando baixa uma saudade, quase sempre...'

Caio F.

'já nem sei se é você mesmo



ou se sou eu que virei alguma coisa tua'

Alice Ruiz

Eu não tenho culpa.




Não fui eu quem fez as coisas ficarem assim desse jeito que não entendo, que não entenderia nunca.'

Caio F.

'Sim, afligia muito querer e não ter.



Ou não querer e ter. Ou não querer e não ter. Ou querer e ter. Ou qualquer outra enfim dessas combinações entre os quereres e os teres de cada um, afligia tanto.'

Caio F.

Quando vi tinha dito te espero às oito, não foi?





E de repente eram só sete e meia quando a campainha tocou
e eu não pensei que fosse você.
Oh, Deus, tudo tão típico.
Eu queria ter tomado um banho antes e feito a barba,
uns cheiros, uns charmes, essas coisas.
Eu queria dar uma boa.
Sei lá, troço mais babaca, impressão.
Eu queria que você gostasse de mim."

Caio F.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

"Às vezes sinto falta de mim.


-Eu também, menina.
-Sente falta de si?
-Não, de você. E dói.
[Silêncio]
-Me abraça?
-Sempre."

Caio F.

Lá está ela, mais uma vez.


Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa. [...] E se ela se afogar, se recupera"

Caio F.

Por onde anda você,


tão distanciada, tão silenciosa? Em que nova galáxia posso te encontrar outra vez (..) Vezenquando baixa uma saudade, quase sempre..."

Caio F.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

(..)eu tenho uma porção de coisas pra te dizer,




dessas coisas assim que não se dizem costumeiramente, sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas, porque nunca se sabe nem como serão ditas nem como serão ouvidas, compreende?”

Caio F.

"...Assim: de repente ao dobrar uma esquina



dou de cara com você que me prega um susto dementirinha como aqueles que as crianças pregam umas nas outras. Finjo que me assusto, você me abraça e vamos tomar um sorvete, suco de abacaxi com hortelã ou comer salada de fruta em qualquer lugar. Assim: estou pensando em você e o telefone toca e corta o meu pensamento e o do outro lado do fio você me diz: estou pensando tanto em você".

Caio F.

Que medo alegre,



o de te esperar.

Clarice Lispector

Bem, agora conte-me coisas .



- Mas não há nada para contar.
- Então inventa, inventa rápido.
- Eu gosto de te ouvir.

Caio F.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

'Chegue bem perto de mim.


Me olhe, me toque, me diga qualquer coisa. Ou não diga nada, mas chegue mais perto. Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada. Daqui há pouco você vai crescer e achar tudo isso ridículo. Antes que tudo se perca, enquanto ainda posso dizer sim, por favor, chegue mais perto'.
Caio F.

'Eu quis tanto ser a tua paz






quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu.'
Caio F.

Traze-me um pouco das sombras serenas


Que as nuvens transportam por cima do dia! Um pouco de sombra apenas, - Vê que nem te peço alegria. Traze-me um pouco da alvura dos luares. Que a noite sustenta no seu coração! A alvura apenas dos ares - Vê que nem te peço ilusão. Traze-me um pouco da tua lembrança, Aroma perdido, saudade da flor! - Vê que nem te digo - esperança! - Vê que nem sequer sonho - amor!
Cecilia Meireles

A melhor de todas.



A mais elegante, a mais dramática, a mais misteriosa e abençoada com aquela voz rouca que conseguia dar forma a qualquer sentimento, desde que fosse profundo. E doloroso.
(...) cantava a dor de estar vivo e não haver remédio nenhum para isso.
E era linda, tão linda."
Caio F.

Não te preocupa.





O que acontece é sempre natural — se a gente tiver
que se encontrar, aqui ou na China,
a gente se encontra.
Caio F.

Ocioso acaso



'Os outros eu conheci por ocioso acaso.
A ti vim encontrar porque era preciso.'
Guimarães Rosa