quinta-feira, 29 de julho de 2010

Numa boa que eu não acredito.



Prepare- se: vou falar Coisas Duras. Na minha sincera, desinteressada e afetuosa opinião de quem quer te ver feliz (...) desguia, entra noutra, arruma um namorado novo, gatinho sem problemas, que dê cama & carinho. E simples e gostoso. Por que não? Não se puna. Não finja que-os-problemas-foram-superados-e-tudo-está-num-ótimo-astral. Chama uma Ro-Ro, vira a mesa de vez e parte pra outra. Você, como qualquer ser humano, precisa de amor — e como ser humano legal e especialíssimo, merece amor de uma pessoa bonita.

Caio F.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Também acho uma delícia


quando você esquece os olhos em cima dos meus.

Chico Buarque.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Caio Fernando Abreu.


Caio Fernando Abreu nasceu em Santiago do Boqueirão, Rio Grande do Sul em 1948 . Ingressou em 1967 no curso de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que abandonou para dedicar-se ao jornalismo. Como jornalista, trabalhou em alguns dos principais jornais e revistas do Brasil, como Veja, Manchete, Correio do Povo, Zero Hora, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, onde publicou crônicas entre 1986 e 1995. Vivendo entre Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo, com alguns períodos no exterior, o escritor recebeu vários prêmios, entre eles o Jabuti pelo romance Triângulo das Águas. Seu livro de contos Morangos Mofados (1982) marcou uma geração ao ser lançado na coleção Cantadas Literárias, da Editora Brasiliense, tornando-se um dos maiores sucessos editoriais da década de 1980. Vários de seus livros estão traduzidos na Alemanha, França, Inglaterra, Itália e Holanda. Dono de uma escrita marcada pelo tom confessional , construiu sua obra através de personagens urbanos, inquietos existencialmente e fez da literatura um porto onde atracou com contos, romances, dramaturgia, poesia e jornalismo. Com uma prosa ao mesmo tempo delicada e agressiva, e ainda extremamente atual, muitas vezes deixa-se transbordar de emoção com a lembrança de uma amizade, de uma música ou poema, de um lugar. Na tentativa de elaborar ou encontrar suas respostas, dá-las ou mesmo exigi-las de quem o lê, experimentou de tudo: drogas, viagens, relacionamentos, tudo em troca de um viver ao mesmo tempo intenso e excessivo. Por seus personagens, ora alienados, ora confusos, ora lúcidos, percebe-se toda a topografia emocional de uma geração . Em suas crônicas, publicadas com maior regularidade nos últimos anos de vida, a morte e a descoberta das coisas simples da vida são assuntos recorrentes. Em setembro de 1994, declarou publicamente em sua crônica semanal que era portador do vírus HIV. Morreu aos 47 anos de complicações causadas pelo vírus.

domingo, 18 de julho de 2010

:)


Tão raro usar a franqueza para falar coisas bonitas.

Fabrício Carpinejar.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

(..) mas dirás assim,


por exemplo, como você sabe, sim, como você sabe, a gente, as pessoas, infelizmente têm, temos, essa coisa, emoções, mas te deténs, infelizmente? o outro talvez perguntaria por que infelizmente? então dirás rápido, para não distanciar-se demasiado do que estabeleceste, qualquer coisa como seria bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada, mas infelizmente, insistirás, infelizmente nós, a gente, as pessoas, têm, temos - emoções. Meditarias: as pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem há o que são e nem sempre se mostra. Há os níveis não-formulados, camadas imperceptíveis, fantasias que nem sempre controlamos, expectativas que quase nunca se cumprem, e sobretudo emoções. Que nem sempre se mostra (..)

Caio F.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Mas o outro disse que não,


que só estava olhando o céu, que quando rodava daquele jeito o céu rodava junto, e quando finalmente caía de costas sobre a grama, o céu e a terra de repente se misturavam e na cabeça, disse, parecia que uma coisa de dentro ia para longe, para cima, para fora.

Caio F.

Sempre o mesmo círculo vicioso:


da solidão nasce a ternura, da ternura frustrada a agressão, e da agressividade torna a surgir a solidão. Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente. E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim(..)

Caio F.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

segunda-feira, 5 de julho de 2010

— Tá fresquinho — ela serviu o café.


— Agora só consigo dormir depois de tomar café.
— A senhora não devia. Café tira o sono.
Ela sacudiu os ombros:
— Dane-se. Comigo sempre foi tudo ao contrário.

Caio F.

Talvez tome mais um café,


fume outro cigarro, qualquer coisa assim. Foi exatamente há um ano, na lua cheia de maio. Depois, nunca mais. Por onde você tem andado, baby?


Caio F.

domingo, 4 de julho de 2010

Olha, falta muito pouco tempo,


e se eu não te disser agora talvez não diga nunca mais, porque tanto eu como você sentiremos uma falta enorme dessas coisas, e se elas não chegarem a ser ditas nem eu nem você nos sentiremos satisfeitos com tudo que existimos, porque elas não foram existidas completamente, entende, porque as vivemos apenas naquela dimensão em que é permitido viver, não, não é isso que eu quero dizer, não existe uma dimensão permitida e uma outra proibida, indevassável, não me entenda mal, mas é que a gente tem tanto medo de penetrar naquilo que não sabe se terá coragem de viver, no mais fundo, eu quero dizer, é isso mesmo, você está acompanhando meu raciocínio?

Caio F.

O que é que você quer?



Ele sorriu. Estendeu as mãos, tocou-a também. Vontade de pedir silêncio. Porque não seria necessária mais nenhuma palavra um segundo antes ou depois de dizerem ao mesmo tempo:
- Quero ficar com você.


Caio F.

Há esperanças que é loucura ter.



Pois eu digo-te que se não fossem essas já eu teria desistido da vida.

José Saramago.

sábado, 3 de julho de 2010

Save me the waltz.



"Reserve-me a valsa", não é lindo?

Caio F.

Eu voltei pra minha sina


Contei pra uma menina
Meu medo só termina estando ali
Ela é suave assim
E sabe quase tudo de mim
Ela sabe onde eu
Queria estar enfim

Bob Dylan.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Tu tens um jeito de sorrir particularmente bonito,


bem raro de se ver, um sorriso tranquilo, satisfeito, afável, que pode fazer feliz aquele a quem se dirige(..)


Franz Kafka.

Eu estava parado no patamar da escada quando ele me disse:


— Tenho sete formas. Navegue.
Abraçou-me. Tinha cheiro de mar. Do mar que não há nesta cidade.
Pedi que ficasse.

Caio F.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Você tem um passe para a roda-gigante, uma senha, um código, sei lá.


Você fala qualquer coisa tipo báh, por exemplo, então o cara deixa você entrar, sentar e rodar junto com os outros. Mas eu fico sempre do lado de fora. Aqui parada, sem saber a palavra certa, sem conseguir adivinhar. Olhando de fora, a cara cheia, louca de vontade de estar lá, rodando junto com eles nessa roda idiota

- tá me entendendo, garotão?


Caio F.

Continuamos rodando e foi então que percebi que não tinha escapatória.


Sempre haveria alguma coisa que precisava ser feita, senão te riscavam do mapa. Era duro reconhecer, mas fiz questão de anotar, perguntando-me se algum dia encontraria um meio de me livrar daquilo.

Charles Bukowski.