sábado, 29 de outubro de 2011

sei, sei. você vai perguntar: mas houve um erro?


bem, não sei se a palavra exata é essa, erro. mas estava ali, tão completamente ali, você me entende? no segundo seguinte você ia tocá-la, você ia tê-la. era tão. tão imediata. tão agora. tão já. e não era. meu Deus, não era. foi você que errou? foi você que não soube fazer o movimento correto? o movimento perfeito, tinha que ser um movimento perfeito. talvez tenha demonstrado demasiada ansiedade, eu penso. e a coisa se assustou, então. como se fosse uma fruta madura, à espera de ser colhida. é assim que vejo ela, às vezes. como uma coisa parada, à espera de ser colhida por alguém que é exatamente você. não aconteceria com outro. depois, quando ela foge, penso que não, que não era uma fruta. que era um bicho, um bichinho desses ariscos. coelho, borboleta. um rato. é preciso aprender a se movimentar dentro do silêncio e do tempo. cada movimento em direção a ele é tão absolutamente lento que o tempo fica meio abolido. um bicho arisco vive dentro de uma espécie de eternidade. duma ilusão de eternidade. onde ele pode ficar parado para sempre, mastigando o eterno. para não assustá-lo, para tê-lo dentro dos seus dedos quando eles finalmente se fecharem, você também precisa estar dentro dessa ilusão do eterno.


Caio F.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Salve o amor.


Aquele de conchinha e barba na nuca, que pode durar pra sempre ou só até amanhã. Aquele amor sem medo, sem freio, que ama e pronto. Salve o amor que a gente dá e pega de volta outra hora, outro dia, com outra pessoa. Aquele aconchego facinho que não posa, não se esforça, não finge. Salve o amor-próprio, que resolve a vida de muitos, o amor das amigas, que aguenta, arrasta e levanta. Salve o amor na pista, que roça, se esfrega, se joga e vai embora. um amor só pra hoje, sem pacote pra presente, sem laço ou dedicatória. Salve o primeiro amor, que rasgou, perfurou, corroeu... ensinou. salve o amor selvagem, o amor soltinho, o amor amarradinho. Salve o amor da madrugada, sincero enquanto dure e infinito posto que é chama. Salve o amor nu, despido de inverdades e traquitanas eletrônicas. Salve o amor de dois a dez, Um amor sem vergonha, sem legenda. salve o amor eterno, preenchido de muitos ardores. Salve o amor gigante, mas sem palavras, o rotativo e o escrito, salve o amor rimado, cego, de quatro. Salve o amor safado, sincero e sincopado, o amor turrão e o encaixado.

Lia Block.

Nem parece que já vai chegar novembro,


ainda nem cumpri as promessas de fevereiro.

Caio Augusto Leite.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

E quando fui embora pensei em te ligar,


dizer pra voltar amanhã, vir me fazer sorrir. Mas não.

Caio F.

Não aquele que me complete,


mas aquele que me some, que me acrescente.

Caio F.

Se ela te fala assim:


com tantos rodeios, é pra te seduzir e te ver buscando o sentido daquilo que você ouviria displicentemente. Se ela te fosse direta, você a rejeitaria.

Rodrigo Amarante.

Que outubro venha com bons ventos,


que me traga sorte e amor, que não me deixe sofrer, por favor. Só por um mês, faça tudo dar certo, depois veremos o que vamos fazer em novembro.

Caio F.

sábado, 1 de outubro de 2011

E é no jogo bobo e repetido que vai se revelando:


o que passa, o que vem para ficar, o que é só caminho, o que é lugar para morar.

Cris Guerra.